O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou nesta quinta-feira (11) a decisão da Câmara dos Deputados que havia rejeitado a cassação da deputada Carla Zambelli (PL-SP). Com isso, o magistrado retirou o mandato da parlamentar e determinou que o suplente Coronel Tadeu (PL-SP) tome posse em até 48 horas.
A decisão reacendeu o embate entre Legislativo e Judiciário, já que o plenário da Câmara havia votado na madrugada desta quinta-feira e manteve Zambelli no cargo por não atingir os 257 votos necessários para a cassação.
Moraes afirma que Câmara descumpriu a Constituição
No despacho, Moraes classificou o resultado da Câmara como um ato “nulo”, alegando violação aos princípios constitucionais da legalidade, moralidade e impessoalidade. Segundo o ministro, parlamentares condenados criminalmente com trânsito em julgado perdem o mandato automaticamente, cabendo à Câmara apenas declarar a vacância, não decidir sobre cassação.
Ele citou precedentes do STF, incluindo decisões firmadas desde a Ação Penal 470 (o “mensalão”), que consolidaram esse entendimento.
Decisão segue para avaliação da Primeira Turma
Moraes comunicou sua decisão à Procuradoria-Geral da República (PGR) e solicitou ao ministro Flávio Dino, presidente da Primeira Turma do STF, a realização de uma sessão virtual nesta sexta-feira (12), das 11h às 18h, para que os demais ministros avaliem a medida.
Caso a Turma referende o despacho, a posse de Coronel Tadeu deverá ocorrer imediatamente, encerrando o mandato de Zambelli.
Entenda o contexto
Carla Zambelli foi condenada pelo STF por porte ilegal de arma e constrangimento mediante ameaça, após episódio registrado nas eleições de 2022. A pena, embora alternativa, teve como consequência jurídica a perda automática do mandato parlamentar.
A Câmara tentou manter a deputada no cargo, argumentando que a cassação seria prerrogativa exclusiva do Legislativo. Moraes refutou essa interpretação, afirmando que a Constituição não permite que deputados ou senadores condenados com trânsito em julgado permaneçam nos cargos.
A decisão marca mais um capítulo da crescente tensão institucional entre Poderes, especialmente em casos envolvendo parlamentares alinhados ao bolsonarismo.

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